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    Vazamento no Facebook: o que novo escândalo revela sobre práticas da empresa

    banner 15 facebook - Vazamento no Facebook: o que novo escândalo revela sobre práticas da empresa

    Foto: Richard Drew/AP

    Documentos vazados parecem revelar novo problema interno do Facebook: o descontentamento de funcionários.

    Documentos vazados parecem revelar novo problema interno do Facebook: o descontentamento de funcionários.

    Facebook enfrentou nos últimos dias uma série de acusações sobre seu funcionamento interno, após revelações do jornal americano Wall Street Journal e de outros veículos.

    Muitas das informações vêm de próprios documentos internos do Facebook, sugerindo que pessoas de dentro da empresa estão vazando informações para a imprensa.

    Os documentos representam bastante trabalho para governos e reguladores, que terão de analisar tudo que foi revelado e considerar quais medidas tomar, se forem cabíveis.

    O Facebook se defendeu de todas as acusações feitas na imprensa.

    Facebook é questionado devido a possível risco à privacidade em óculos inteligentes

    Aqui estão cinco informações que foram reveladas nos últimos dias:

    Celebridades foram tratadas de forma diferente pelo Facebook

    De acordo com reportagem do Wall Street Journal, muitas celebridades, políticos e usuários de alto nível do Facebook eram submetidos a regras diferentes sobre o conteúdo que podem postar, em um sistema conhecido como XCheck (verificação cruzada).

    Uma das celebridades citadas pelo jornal americano foi o jogador de futebol Neymar.

    “Em 2019, foi permitido que o astro do futebol internacional Neymar mostrasse fotos de uma mulher nua, que o acusou de estupro, para dezenas de milhões de fãs antes que o conteúdo fosse removido pelo Facebook.”

    As regras do Facebook estipulam que as fotos de nudez não autorizadas devem ser excluídas, e que as pessoas que as publicam devem ter suas contas excluídas. Mas a conta de Neymar não foi excluída. Um porta-voz de Neymar disse ao Wall Street Journal que o atleta segue as regras do Facebook e não comentou o caso em mais detalhes. 

    O Facebook admitiu que as críticas à maneira como implementou seu sistema de verificação cruzada são “justas” — mas disse que o sistema foi projetado para criar “uma etapa adicional” quando o conteúdo postado exige maior compreensão.

    “Isso pode incluir ativistas que estão alertando para casos de violência ou jornalistas fazendo reportagens em zonas de conflito”, diz o Facebook.

    O Facebook afirma que muitos documentos citados pelo Wall Street Journal continham “informações desatualizadas e costuradas juntas para criar uma narrativa que encobre o ponto mais importante: o próprio Facebook identificou os problemas com verificação cruzada e vem trabalhando para resolvê-los”.

    Apesar da nota, o próprio Conselho de Supervisão (Oversight Board) do Facebook, que a empresa criou para tomar decisões sobre moderação de conteúdo considerado complexo, exigiu mais transparência.

    Em um post em um blog esta semana, o Conselho disse que as divulgações “atraíram atenção renovada para a maneira aparentemente inconsistente como a empresa toma decisões”.

    O Conselho pediu uma explicação detalhada de como funciona o sistema de verificação cruzada e alertou que a falta de clareza pode contribuir para a percepção de que o Facebook foi “indevidamente influenciado por considerações políticas e comerciais”.

    Desde que começou seu trabalho investigando como o Facebook modera o conteúdo, o Conselho de Supervisão, financiado pelo Facebook, fez 70 recomendações sobre como a empresa deve melhorar suas políticas. Agora, o Conselho criou uma equipe para avaliar como a rede social implementa essas recomendações.  

    Comitê de supervisão do Facebook quer explicações sobre sistema que isentaria personalidades de regras  

    A resposta do Facebook às preocupações dos funcionários sobre o tráfico de pessoas foi muitas vezes ‘fraca’ 

    Os documentos relatados pelo Wall Street Journal também sugeriam que os funcionários do Facebook frequentemente alertavam para cartéis de drogas e traficantes de pessoas presentes na plataforma, mas que a resposta da empresa foi “fraca”.

    Em novembro de 2019, a BBC News Arabic, serviço de notícias em árabe da BBC, fez uma reportagem chamando atenção para a compra e venda de trabalhadoras domésticas no Instagram.

    De acordo com documentos internos, o Facebook já tinha conhecimento do assunto. O Wall Street Journal relatou que o Facebook tomou apenas pequenas medidas, até que a Apple ameaçou remover seus produtos de sua App Store.

    Em sua defesa, o Facebook disse ter uma “estratégia abrangente” para manter as pessoas seguras, incluindo “equipes globais com pessoas fluentes em idiomas locais cobrindo mais de 50 línguas, recursos educacionais e parcerias com especialistas locais e verificadores terceirizados”.

    Os críticos alertam que o Facebook não tem meios para moderar todo o conteúdo de sua plataforma e proteger seus 2,8 bilhões de usuários.

    David Kirkpatrick, autor do livro O Efeito Facebook, disse à BBC que achava que o Facebook não tinha motivação “para fazer nada para reparar danos” que acontecem fora dos EUA.

    “Eles fizeram muitas coisas, incluindo a contratação de dezenas de milhares de revisores de conteúdo”, disse ele.

    “Mas uma estatística que me chamou atenção nas reportagens do Wall Street Journal foi que, apesar de todo o trabalho deles contra desinformação em 2020, apenas 13% disso aconteceu fora dos EUA. Para um serviço que está 90% fora dos EUA — e que teve um impacto enorme, de forma muito negativa, na política de países como Filipinas, Polônia, Brasil, Hungria, Turquia — eles não estão fazendo nada para remediar tudo isso.”

    Kirkpatrick acredita que o Facebook só “respondeu às pressões de relações públicas” nos EUA porque elas poderiam afetar o preço de suas ações.

    Algoritmo do Facebook classifica vídeo com homens negros como imagem de primata


    Facebook enfrenta um grande processo de acionistas

    O Facebook também está enfrentando um processo complexo de um grupo de seus próprios acionistas.

    O grupo alega, entre outras coisas, que o pagamento de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 26 bilhões) do Facebook à Comissão Federal de Comércio dos EUA para resolver o escândalo de dados da Cambridge Analytica foi dessa magnitude apenas porque foi concebido para proteger Mark Zuckerberg de responsabilização pessoal.

    O Facebook afirmou que não vai se manifestar sobre essa questão legal.

    O Facebook tem promovido histórias positivas sobre si mesmo na plataforma?

    Esta semana, o New York Times sugeriu que o Facebook havia criado uma iniciativa para injetar conteúdo pró-Facebook nos feeds de notícias das pessoas, a fim de impulsionar sua própria imagem.

    O jornal disse que o Projeto Amplify foi concebido para “mostrar às pessoas histórias positivas sobre a rede social”.

    O Facebook disse que não houve mudanças em seus sistemas de organização do feed de notícias.

    Em uma série de tuítes, o porta-voz da empresa, Joe Osborne, disse que o teste do que ele chamou de “uma unidade informativa no Facebook” foi pequeno e só aconteceu em “três cidades”, com postagens claramente rotuladas como sendo provenientes da empresa.

    Ele disse que a iniciativa foi “semelhante às iniciativas de responsabilidade corporativa que as pessoas veem em outras tecnologias e produtos de consumo”.

    O Facebook sabia que o Instagram é ‘tóxico’ para os adolescentes

    Outra revelação sobre o Facebook foi a descoberta de que a empresa havia conduzido uma pesquisa detalhada sobre como o Instagram estava afetando adolescentes, mas não compartilhou resultados que sugeriam que a plataforma é um lugar “tóxico” para muitos jovens.

    De acordo com slides relatados pelo Wall Street Journal, 32% das adolescentes do sexo feminino na pesquisa disseram que quando se sentiam mal com seus corpos, o Instagram as fazia se sentir pior.

    A rede Fox News informou esta semana que o informante por trás do documento vazado pretende revelar sua identidade e que vai cooperar com o Congresso.

    Isso acontecendo ou não, o fato de o Facebook não ter compartilhado seus próprios estudos detalhados sobre os danos que suas plataformas causam está dando aos políticos americanos muito o que pensar.

     Fonte: g1.globo.com

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